quinta-feira, outubro 23, 2014

SOBRE OS CRISTAOS EVANGELICOS E AS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS


1. A igreja brasileira, católica e parte significativa da protestante ao fazer a leitura crítica dos graves problemas sociais e econômicos que grassam na sociedade fez uma nítida opção pelo projeto que representa a inclusão social e a reconstrução nacional. Nesse sentido, abraçaram esse modelo de sociedade a igreja católica em sua quase totalidade e a parte mais consciente e crítica da igreja evangélica na medida em que olharam para o passado, o presente e o futuro vislumbrando uma quebra de paradigmas das dominações históricas.
2. O jornal o Estado de S. Paulo, recentemente, produziu uma reportagem em que entrevistou fieis de diversas denominações evangélicas e constatou que a indicação de voto feita por pastores como Silas Malafaia e Marco Feliciano não é fator decisivo para os eleitores.
3. O falso moralismo de muitos pastores, bispos, apóstolos, presbíteros etc., de várias denominações, ao declararem votos ao modelo elitista representado por FHC-AÉCIO se filiam ao projeto de sociedade que se instalou em nossa realidade desde a sua invenção. Eles não pensam na maioria excluída, mas em si mesmo, no seu bem estar, nos seus bens, no seu status social. Não são representantes de Deus como dizem. É um discurso falso e oportunista ao induzir os seus fieis para votar no projeto que preserva a injustiça social e a violação dos direitos humanos.
4. Se analisarmos de forma mais racional e sem as paixões que tomam conta do país, numa das eleições mais competitivas de nossa história recente, vamos constatar que o pleito para presidente da republica, agora em 2014, não se configura, de forma simples, como sendo DILMA X AÉCIO, como aparenta ser, mas significa um confronto entre projetos de sociedade.
5. No primeiro espectro, se encontra o projeto nacional popular representado por DILMA, no qual a maioria silenciosa, os movimentos populares e sociais, as forças progressistas, a maioria dos intelectuais brasileiros, parte importante dos homens de negócios e da igreja progressista acreditaram e abraçaram o primeiro projeto de inclusão social e de mudanças significativas na sociedade brasileira.
6. O outro projeto representado por AÉCIO é elitista, pois é neoliberal, privatista e, sobretudo, de exclusão social. Não é novo, pois representa o que tem de mais atrasado na historia política, social e econômica brasileira, embora apareça no discurso como sendo o novo e de mudanças.
7. É importante afirmarmos que temos a clareza das limitações do projeto de Dilma-PT e aliados, sobretudo no que diz respeito à questão ética, aos desvios de verba pública, ao aparelhamento de órgãos e empresas estatais etc. Mas, pela primeira vez na história, os corruptos estão na cadeia, estão sendo julgados, estão pagando pelos seus crimes. É preciso aprimorar as leis para que os corruptos e corruptores sejam banidos para sempre da vida púbica.
8. O Estado brasileiro ainda está muito privatizado embora a gente possa vislumbrar uma possibilidade de superação dessa relação perniciosa entre o público e o privado. Algumas propostas da sociedade sinalizam nessa direção: a reforma política com o fim da reeleição para presidente, para governadores e prefeitos, o financiamento público das eleições e a introdução do voto distrital pode ser um caminho.
8. Contudo se compararmos os governos elitistas e neoliberais de FHC-AECIO com o projeto nacional popular de LULA-DILMA vamos perceber uma imensa diferença entre as políticas publicas, econômicas, sociais e culturais entre as duas visões de sociedade. Um de inclusão, o outro de exclusão; um nacional, o outro de privatização e de entrega das riquezas nacionais; um da preservação dos direitos sociais e trabalhistas, outro de negação; um que vem garantindo os empregos e o outro de maior desemprego de nossa história; um que garantiu ganhos importantes com aumentos reais dos salários, o outro de arrocho. Um desenvolvimentista e o outro de integração à globalização e de falência das indústrias nacionais. Agora pergunto: que opção devemos tomar para melhorar ainda mais o Brasil?
9. Esses falsos líderes deveriam se preocupar menos com a união civil entre pessoas do mesmo sexo e mais com saúde e educação porque o povo, em que pese o avanço que tivemos nos últimos 12 anos, ainda está morrendo nos corredores dos hospitais.
10. Os cristãos podem qualificar a política desde que votem segundo os preceitos que a bíblia nutre, sobretudo, naqueles livros que falam da graça e do amor de Deus. Leiam com atenção e cuidado, I Coríntios 13, sobre o verdadeiro amor e o sermão da montanha que mostra a nitida opção politica de Jesus pelos excluidos.
11. É importante ainda notarmos que muitos lideres religiosos fazem uma opção consciente e crítica, mas, lamentavelmente não é a maioria.
12. Portanto, cristãos verdadeiros, sejam católicos ou evangélicos façam uma opção consciente e não se deixem levar por falsos lideres religiosos (falsos profetas). Votem por você. Uma das mais importantes armas da democracia é cada cabeça um voto (cada cristão uma sentença). Pensem no que é melhor para o Brasil e não para os aproveitadores disfarçados de cordeiros, mas que são verdadeiros lobos.
13. É importante ainda afirmarmos que o Estado brasileiro é Laico desde a sua Proclamação em 1889. Isto significa que existe uma separação entre Estado e igreja.
Itamar Nunes - Cientista Político e Professor da UFPB

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